quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

A Origem do Cordel

A Origem do Cordel

1
Muita gente vê cordel
Pendurado na cordinha
Às vezes nem dá valor
Nem olha a historinha
Diz: é coisa de matuto
Tô fora não é a minha


2
Nem sabe que o cordel
É antigo pra danar
Que é de antes da escrita
Não podemos mensurar
Pois se acorda esticar muito
Lá na Grécia vai chegar


3
Não pense que grandes livros
Existentes no Universo
Foram assim logo escrito
No papel frente e verso
Bíblia e Bhagavad Gita
Esses livros de sucesso


4
Antes deles serem escritos
Tavam na cuca guardados
Os versículos bem feitos
Todos eles bem rimados
Quando inventaram papel
Já estava decorados


5
Pois o homem primitivo
Não sabia escrever
Isso é coisa de depois
Dos egípcios pode ser
O negócio era na rima
Para não se esquecer


6
Uma rima puxa a outra
Igualmente uma canção
Que você lembra da música
E no embalo da emoção
Num instante canta tudo
Pode prestar atenção


7
Vem daí nosso cordel
De toda essa oralidade
Da tradição popular
Que tem a humanidade
Não há povo sem história
É a mais pura verdade


8
No tempo da Idade Média
Já se via algum cordel
Pouca coisa era impressa
Ainda era caro o papel
Mas cantador dava seu jeito
Para passar o chapéu


9
Faziam lá um teatro
Para poder ganhar o pão
E com sua voz cantada
Com muita empolgação
Chamava os transeuntes
Pedindo sua atenção


10
E se a história agradasse
O povo nunca deixava
De arranjar qualquer trocado
Sempre alguma coisa dava
Ás vezes até galinha
Qualquer jeito ajudava


11
Cantador do tempo antigo
Cansado de feira em feira
Espalhava assunto sério
Outras vezes brincadeira
Os antigos jornalistas
Viviam dessa maneira


12
De Portugal eles chegaram
Na grande navegação
E com os patrícios deles
Se enfurnaram no sertão
Nessas terras brasileiras
Foi tão grande a confusão


13
Eles trocaram as bolas
Ficou numa danação
As coisas de Portugal
Misturaram no sertão
Camões,Caboclo,cangaço
Virou aquela danação


14
Camões virou Camonge
Bem metido e sabichão
Imperador Carlos Magno
Quem sabe um Lampião
Bocage meu Deus do céu!
Sofreu muita mutação


15
Até lendas brasileiras
Cantador cordelizava
Pois a índia Iracema
Ela protagonizava
As histórias de amor
Que o povo se encantava


16
Esses novos trovadores
Misturaram no sertão
Sangue índio e lusitano
Nova miscigenação
Que ajudou a criar
A cultura da Nação


17
Embaixo de Sol na feira
No sertão sem proteção
Começava a cantoria
De qualquer uma invenção
- ontem em canto fulano
atacou o Lampião!


18
-o bandido trouxe dor
botou tudo pelo chão
as moças com muito medo
clamavam por proteção...
prefeito pagou resgate
pra não ter destruição.


19
Cantavam do mesmo jeito
Que o trovador europeu
Só que aqui no Brasil
Parece que o santo desceu
Os cabra inventaram moda
E um novo ccordel nasceu

É isso aí.