domingo, 1 de novembro de 2009

"Clarisvâniauma aluna inteligente demais

1
Só Deus para ajudar
Nessa grande confusão
Pois uma aluna inteligente
Que estudava lição
Só tirava nota baixa
Veja que perturbação

2
Maldade ou ignorância
Num sertão desse Brasil
Onde certa professora
Quase quase destruiu
O futuro de uma aluna
Uma vida estudantil

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Mas mentira sempre perde
A verdade sempre ganha
E no final dessa história
Que parece tão estranha
Veremos que triunfará
A aluna Clarisvânia

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O oficio de ensinador
Não é para qualquer um
Não é por necessidade
Tome currículo pá-pum!
Ensinar é uma missão
A lição número um

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Quem se mete a professor
Quando não tem vocação
O que faz é trapalhada
Bota o pé pela mão
Comete muita injustiça
Como nesta ocasião

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Que uma professora ingrata
Sem miolo na cachola
Dava muita nota ruim
Para todos na escola
Até se o cara sabia
A mulher não dava bola

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De tanto ela botar zero
Será que a professora via
As respostas dos meninos
Quando prova corrigia?
Quem sabe na casa dela
De preguiça só dormia

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E quando o dia amanhecia
Na pressa de se arrumar
Ia tacando zero em tudo
Para o serviço adiantar
Botava as provas na bolsa
E se punha a caminhar

9
Só podia ser assim
É a única explicação
Por que parece impossível
Zeros nessa proporção
No Brasil ensino é fraco
Mas exagero assim não

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Vamos tentar entender
Se uma aluna que sabia
Uma menina aplicada
Tanto zero merecia
E vamos saber também
Que a professora fazia

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A aluna se chamava
Clarisvânia de Alencar
Ela andava 6 quilômetros
3 para ir 3 pra voltar
Pra chegar na escola dela
E só zero ela arranjar

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Pois mesmo que ela dormisse
Com livro por travesseiro
Fosse aula particular
Durante o ano inteiro
Parecia ter feito nada
Pois zerava o teste inteiro

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A mãe dela era Dinalva
E não sabia o que fazer
Já que sempre corrigia
Tava certo seu dever!
Tinha até coisas a mais
Dava raiva só de ver

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Nas provas de Geografia
Matéria que ela amava
As capitais dos países
Até da China acertava
Em Gramática então
Ela nunca se apertava

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Ao ditongo decrescente
Ela dava explicação
-Vogal forte é primeiro...
Como: mãe e coração
Tá ouvindo mãe querida
Como eu sei minha lição?

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Dona Dinalva ouvia tudo
As lágrimas segurava
Clarisvânia inteligente
E tanto zero levava
Não tá certo meu Senhor!
A mulher se revoltava

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Um dia ela diz a filha:
Nós temos uma saída
Diga a essa professora:
Eu quero ser argüida
Estude um pouco mais hoje
Pra ficar bem prevenida

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Se pegue com Geografia
E decore as capitais
Das nações que tem no mundo
Não fique uma só pra trás
Quero ver se ela te enrola
Quero ver se ela é capaz

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Clarisvânia diz: tá certo
Vou gostar do desafio
Eu tiro tudo isso a limpo
Por que muito desconfio
Que do jeito que eu estudo
Eu mereceria uns mil

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No outro dia Clarisvânia
Chega cedo na escola
Tudo na ponta da língua
Que ela já nem via a hora
De enfrentar a professora
E fazer o bota fora

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E logo veio a professora
Com teste pra cima dela
Clarisvania devolveu
E foi dizendo para ela
Eu não quero prova escrita
“O negócio era na goela”

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E categoricamente
Pediu pra ser argüida
A professora respondeu
Não está sendo atrevida?
Meu horário aqui é pouco
Acabo logo em seguida

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Não vou ficar me empatando
Com aluna especial
Que rejeita prova escrita
E só quer a prova oral
Aqui não é faculdade
Ainda é Fundamental

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Clarisvânia logo diz
Professora vou dizer
Não é o que lhe parece
Não tô querendo aparecer
Só lhe fiz essa proposta
Pra poder esclarecer

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Por que estou levando zero
Você pode me dizer?
Por que isso acontece
Se tá certo meu dever
Se respondo direitinho
Mãe revisa pode crer!

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Pois se aqui ficam calados
E não querem nem saber
Comigo é diferente
Já que eu quero aprender
Se eu não tiver estudo
O que é que eu vou ser?

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Ela peitou a professora
E a mulher se intimidou
Pois disse logo pra ela
Vamos lá pro corredor
A gente resolve tudo
Clarisvânia: por favor,

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Lá fora a professora
Fala despreocupada
-Tudo bem essa menina
Toda classe tá passada
Aluno repetir ano
Já é coisa ultrapassada...

29
Clarisvânia diz ô gente!
Passar sem saber de nada?
E lá no vestibular
A turma tá preparada
Pra concorrer com os outros
De uma escola avançada?

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E os zeros que estou levando
A senhora faz o quê?
Minha mãe corrige tudo
Acompanha meu dever
A professora lhe responde:
Deixe lá que eu vou rever.

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Chega em casa Clarisvânia
Pra sua mãe tudo esclarece
Quando a pobre dela escuta
Dinalva quase enlouquece
Filha! Pelo amor de Deus
O que foi que tu disseste

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Então virou brincadeira
Eu não aceito isso não
No tempo que eu estudava
Tinha até Admissão
Se aluno não estudava
Ele não passava não

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Tudo bem que hoje em dia
Passe burro analfabeto
Mas a tua professora
Não está agindo certo
Ela não corrige nada
Isso não está correto

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Mas veremos mais pra frente
O que ela vai aprontar
Qual é mesmo da bruaca
E que nota que vai dar
Uma coisa ela já sabe
Tu tens mãe pra te cuidar

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Clarisvânia continuou
A estudante exigente
Chegava cedo à escola
A mesma aluna de sempre
Preocupada com futuro
Nos estudos consciente

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Fim de mês ela faz testes
Esperou por resultado
A nota dela veio 100
Negócio táva mudado
Mas as notas dos meninos
O zero táva encarnado

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Isso lhe preocupou
Em casa pra mãe relata:
Por uma parte estou bem
Eu tirei nota bem alta
Mas por outra estou triste
A coisa é muito chata

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O resto dos coleguinhas
Só tiraram nota baixa
Diga lá minha mãezinha
Quê que a senhora acha
Tá certo um negócio desse
Vão passar tudo na faixa

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Por isso não tão ligando
Nem olham pra resultado
Vão passar de qualquer jeito
Ninguém tá aperreado
Mas comigo é diferente
Isso tá esculhambado

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Com raiva a mãe dela diz
Eu vou no grupo escolar
Levo toda tuas provas
Para diretora olhar
Se ela não revisar tudo
Ah!O bicho vai pegar

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Vamos até pra São Paulo
Se for para tu estudar
Na capital Bandeirante
Tem colégio particular
Vai ter muitas opções
Tu vás puder te formar

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Há de existir um lugar
Que ajuda quem quer estudar
Tua cabeça é boa filha
Por isso vou me esforçar
Largo roça boi e vaca
Na mão de Deus vai ficar
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Dinalva respira fundo
Depois de desabafar
Começa a pensar melhor
Começa a se concentrar
Não pode ser desse jeito
Ela tem que se acalmar

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E no outro dia cedinho
Frente ao grupo escolar
Esperando a porta abrir
Pobre mãe estava lá
No que chega a diretora
Ela vai lhe acompanhar

45
Dinalva muito nervosa
Fala tudo sem parar
Aquelas provas na mão
Já pesando pra danar
A diretora pergunta
Vai voltar a estudar?

46
Vou não, é de Clarisvânia
E começa a relatar
Diretora eu desconfio
Que lhe vão é sabotar
Minha filha sabe muito
Você pode acreditar

47
Ela sabe geografia
Matemática e ciência
Diretora por favor
Já estou sem paciência
Eu vejo os deveres dela
De tudo tenho ciência

48
A diretora diz pra ela:
Que tudo irá corrigir
Que ela beba uma água
Que o negócio vai fluir
Que não fale no momento
Para não lhe distrair

49
Não demora a diretora
Grita: olhe meu Deus aqui!
Essa menina em matemática
Mais, vezes, subtrair
Tudo certo ela é demais
Ninguém pode discutir.

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Que essa professora fez?
Mandem ela vir aqui
Se ela é despreparada
Ela tem que se assumir
Em minhas mãos tenho provas
Tá demais tudo isso aqui

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Logo entra a professora
E começa a chorar
Disse: por necessidade
Inventei de ensinar
Me dê as contas diretora
Já não passo agüentar

52
A vergonha é muito grande
Como pude acreditar
Que eu tinha vocação
De ir pra classe ensinar
Corrigir tanto dever
É difícil pra danar

53
Perdoe-me dona Dinalva
Diretora vou-me embora
Nunca mais eu me atrevo
De ensinar assim na tora
Não nasci para isso não
E de escola eu tô fora

54
A diretora lhe despede
Dando um longo sermão
Não se meta a ensinar
Procure outra profissão
Vá em paz minha senhora
Que eu já sei minha missão

55
Vou tomar conta da turma
E os alunos passarão
O trabalho vai ser duro
Mas não tem problema não
Contarei com Clarisvânia
Pra fazer a correção

56
Dinalva também ajuda
As mães incentivará
A olhar mais pelos filhos
Não deixar a Deus dará
Vá em paz professorinha
Tudo se resolverá

Fim da primeira parte.
Esta história continua, aguarde um próximo folheto.


obs.Clarisvânia é uma obra de ficção qualquer semelhança com fatos ou pesrsonagens terá sido mera coincidência