sábado, 5 de junho de 2010

LEI Nº 12.198, DE 14 DE JANEIRO DE 2010

LEI Nº 12.198, DE 14 DE JANEIRO DE 2010

Dispõe sobre o exercício da profissão de Repentista.



O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:



Art. 1o Fica reconhecida a atividade de Repentista como profissão artística.



Art. 2o Repentista é o profissional que utiliza o improviso rimado como meio de expressão artística cantada, falada ou escrita, compondo de imediato ou recolhendo composições de origem anônima ou da tradição popular.



Art. 3o Consideram-se repentistas, além de outros que as entidades de classe possam reconhecer, os seguintes profissionais:



I - cantadores e violeiros improvisadores;



II - os emboladores e cantadores de Coco;



III - poetas repentistas e os contadores e declamadores de causos da cultura popular;



IV - escritores da literatura de cordel.



Art. 4o Aos repentistas são aplicadas, conforme as especifidades da atividade, as disposições previstas nos arts. 41 a 48 da Lei no 3.857, de 22 de dezembro de 1960, que dispõem sobre a duração do trabalho dos músicos.



Art. 5o A profissão de Repentista passa a integrar o quadro de atividades a que se refere o art. 577 da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943.



Art. 6o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.



Brasília, 14 de janeiro de 2010; 189o da Independência e 122o da República.



LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Carlos Lupi

sábado, 6 de março de 2010

A História da Igreja do Arraial d` Ajuda

1

Muita gente vem pra Porto

No verão e carnaval

Todo mundo se diverte

Nas praias de Arraial

O lugar é freqüentado

E é tudo natural



2

A vila é paradisíaca

As praias são bem pertinho

Tem casas pitorescas

Com igreja num cantinho

O cenário é preparado

Até canta passarinho



3

Da igreja o sino toca

Chamando pra oração

Mas o povo nem se importa

Tão ali pra diversão

Pra o capeta, comer peixe

E quem sabe um camarão



4

O sino torna a tocar

Ninguém larga as caipirinhas

Mas a missa tem início

Com um grupo de velhinhas

Que de rosários na mão

Estão bem comportadinhas



5

É que elas fazem parte

Dum rodízio de velhinha

Cada dia aumenta mais

Para dá uma ajudinha

E com elas a igreja

Muito firme se encaminha



6

- é verão tá muito quente

É a mesma ladainha

Que o povo sempre inventa

Para dá escapadinha

O turista quer curtir

Pois não larga a caipirinha!





7

E por causa do rodízio

Vez em quando um aparece

Bate uma fotografia

Mas logo desaparece

Às vezes entra de sunga

Pois nem sabe o que acontece



8

Só que fé não sai férias

Nem tão pouco a educação

Aprendendo nossa história

Se é um turista ou não

Só estamos preservando

Uma forte tradição





9

Será que ninguém se lembra

Da santa água da bica

Das curas tão milagrosas

Que o Papa muito autentica

Não se lembram que de baixo

Da igreja a bica fica?



10

Por que em 15 de agosto

Tão poucos romeiros vêm

Se a água ainda jorra

Se milagre também tem

Se as velhinhas estão lá

E sino toca também



11

Que que está acontecendo

É diferente de Belém?

No círio de Nazaré

É gente que vai e vem

Dois milhões já se contou

E aqui tá tão aquém.



12

Ninguém sabe este mistério

A culpa padre não tem

Nem tão pouco a corredeira

Pois o fluxo se mantém

Até cego foi curado

E enxerga tudo bem



13

Náufragos já foram salvos

Acidentados também

Veja a sala dos milagres

Ex-voto é o que tem

Tem perna, braço, pescoço

Monóculos tem uns cem



14

E as fotos de 3X4

De corpo inteiro e de frente

As provas que tem na sala

Não é o suficiente

Se aquilo não for verdade

Nós precisamos de lente



15

Talvez ninguém mais lembre

Como a santa água jorrou

Esqueceram das histórias

Que contava seu avô

Pois o povo já não sabe

Como a santa aqui chegou



16

Que na barca dos Jesuítas

Num altar se acomodou

Que padre Manuel da Nóbrega

Muito se emocionou

Com a viagem tranqüila

Que o mar nem balançou





17

Nossa senhora d`Ajuda

Do Portugal foi que veio

De milhares de quilômetros

Há quatro séculos e meio

Veio ver Brasil nascer

Pra lhe emprestar o seio



18

E o povo tá esquecendo

Os valores que ela tem

Se viram para outro lado

Um lado que lhe convém

Mas só Deus e a mãe dele

É que faz um Brasil bem



19

África América e Índia

Igreja não lhe faltou

Onde português esteve

Altar pra Ajuda ajeitou

Arraial é um exemplo

Que o cordeleiro encontrou

20

Nossa senhora d`Ajuda

Não esqueça o Brasil

A coisa agora é fraca

Pouca ovelha no redil

Algum dia aumenta mais

Seremos umas cem mil

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

A Origem do Cordel

A Origem do Cordel

1
Muita gente vê cordel
Pendurado na cordinha
Às vezes nem dá valor
Nem olha a historinha
Diz: é coisa de matuto
Tô fora não é a minha


2
Nem sabe que o cordel
É antigo pra danar
Que é de antes da escrita
Não podemos mensurar
Pois se acorda esticar muito
Lá na Grécia vai chegar


3
Não pense que grandes livros
Existentes no Universo
Foram assim logo escrito
No papel frente e verso
Bíblia e Bhagavad Gita
Esses livros de sucesso


4
Antes deles serem escritos
Tavam na cuca guardados
Os versículos bem feitos
Todos eles bem rimados
Quando inventaram papel
Já estava decorados


5
Pois o homem primitivo
Não sabia escrever
Isso é coisa de depois
Dos egípcios pode ser
O negócio era na rima
Para não se esquecer


6
Uma rima puxa a outra
Igualmente uma canção
Que você lembra da música
E no embalo da emoção
Num instante canta tudo
Pode prestar atenção


7
Vem daí nosso cordel
De toda essa oralidade
Da tradição popular
Que tem a humanidade
Não há povo sem história
É a mais pura verdade


8
No tempo da Idade Média
Já se via algum cordel
Pouca coisa era impressa
Ainda era caro o papel
Mas cantador dava seu jeito
Para passar o chapéu


9
Faziam lá um teatro
Para poder ganhar o pão
E com sua voz cantada
Com muita empolgação
Chamava os transeuntes
Pedindo sua atenção


10
E se a história agradasse
O povo nunca deixava
De arranjar qualquer trocado
Sempre alguma coisa dava
Ás vezes até galinha
Qualquer jeito ajudava


11
Cantador do tempo antigo
Cansado de feira em feira
Espalhava assunto sério
Outras vezes brincadeira
Os antigos jornalistas
Viviam dessa maneira


12
De Portugal eles chegaram
Na grande navegação
E com os patrícios deles
Se enfurnaram no sertão
Nessas terras brasileiras
Foi tão grande a confusão


13
Eles trocaram as bolas
Ficou numa danação
As coisas de Portugal
Misturaram no sertão
Camões,Caboclo,cangaço
Virou aquela danação


14
Camões virou Camonge
Bem metido e sabichão
Imperador Carlos Magno
Quem sabe um Lampião
Bocage meu Deus do céu!
Sofreu muita mutação


15
Até lendas brasileiras
Cantador cordelizava
Pois a índia Iracema
Ela protagonizava
As histórias de amor
Que o povo se encantava


16
Esses novos trovadores
Misturaram no sertão
Sangue índio e lusitano
Nova miscigenação
Que ajudou a criar
A cultura da Nação


17
Embaixo de Sol na feira
No sertão sem proteção
Começava a cantoria
De qualquer uma invenção
- ontem em canto fulano
atacou o Lampião!


18
-o bandido trouxe dor
botou tudo pelo chão
as moças com muito medo
clamavam por proteção...
prefeito pagou resgate
pra não ter destruição.


19
Cantavam do mesmo jeito
Que o trovador europeu
Só que aqui no Brasil
Parece que o santo desceu
Os cabra inventaram moda
E um novo ccordel nasceu

É isso aí.